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Lâminas K-cell para o exame microscópico do sedimento urinário

Achado de células ou outros elementos a partir da análise microscópica do sedimento urinário pode ser bastante importante na avaliação dos pacientes. A análise da urina não oferece apenas informações de processos que afetam os rins ou a bexiga, mas também pode ser indicativa de processos patológicos no fígado, pâncreas e outros órgãos. de algumas doenças ou mesmo evolução das doenças.

O Exame de Urina também chamado de Urina tipo 1, urinálise, urina simples dentre outros nomes, pode fornecer informações de forma generalista que auxiliam o diagnóstico de algumas doenças, pode triar uma população para existência de doenças assintomáticas, congênitas, hereditárias de vários órgãos, ou ainda desordens metabólicas como diabetes e pode auxiliar no monitoramento do curso de uma doença ou a eficácia/ complicações decorrentes de alguns tratamentos.

O Exame de Urina compreende análises física, químicas e microscópicas da amostra de urina. São os elementos sólidos microscópicos insolúveis encontrados em suspensão na urina dentre eles: células epiteliais, glóbulos brancos, glóbulos vermelhos, cristais, bactérias ou mesmo alguns parasitas que permitem uma análise mais profunda da amostra.

A amostra recomendada para a análise é o jato médio da primeira urina da manhã. Após a coleta do material, 10-15 ml de urina devem ser centrifugados a    400 x g (~1.500 rpm) por 5-10 minutos ou simplesmente deixados em repouso para formar o sedimento urinário. A análise do sedimento ao microscópio se chama sedimentoscopia.

Para essa análise microscópica é necessário colocar uma gota do sedimento, com o auxílio de uma pipeta Pasteur ou micropipeta, em uma lâmina de vidro, câmara de Neubauer ou lâmina K-cell para realizar a contagem das células utilizando aumento de 400 x. Métodos automatizados também podem ser utilizados para contagem das células

As lâminas K-cell tem sido cada vez mais utilizada, pois permite analisar até 10 amostras de uma vez, sendo cada urina colocada em uma das 10 câmaras da K-cell com se vê na imagem abaixo.

São contados os elementos alguns campos microscópicos. O cálculo da concentração dos elementos é extremamente simples e leva em conta o número de campos contados, o fator de concentração, e fornece a informação de número de elementos por ml ou ul.

A seguir alguns exemplos de elementos encontrados na urina:

Células epiteliais: bastante comuns, mas nem sempre tem significado clínico. Podem ser de 3 tipos distintos: células escamosas, transacionais e dos túbulos renais. Algumas células com atípias nucleares ou degeneradas podem indicar processos neoplásicos

Eritrócitos ou hemácias ou glóbulos vermelhos: quando estão em número aumentado caracterizam hematúria (presença de sangue na urina). As hematúrias podem ser transitórias e benignas, mas também podem indicar lesões inflamatórias, infecciosas ou traumáticas dos rins ou vias urinárias. A morfologia dos eritrócitos é útil para ajudar a localizar a origem da lesão, seja uma doença nos rins ou em qualquer outro lugar no sistema ou vias urinárias.

Leucócitos ou glóbulos brancos: São normais quando presentes na urina em pequena quantidade, uqando em quantidade elevada é denominada piuria. Os neutrófilos são o tipo de leucócitos encontrados com mais frequência, mas também podem ser observados eosinófilos e linfócitos. Quantidades aumentadas indicam de lesões inflamatórias, infecciosas ou traumáticas em qualquer nível do trato urinário.

Cristais: são formados a partir da precipitação de sais presentes na urina por diversos fatores, como pH e concentração. São um achado frequente na análise do sedimento urinário normal. Alguns cristais podem indicar algumas doenças metabólicas ou infecciosas, sendo considerados cristais patológicos. Um mesmo cristal, na dependência da quantidade, forma de apresentação e condições do meio ambiente urinário, pode ter diferentes significados clínicos.

Alguns cristais representam um sinal de distúrbios físico-químicos na urina ou têm significado clínico específico, como os de cistina, leucina, tirosina e fosfato amoníaco magnesiano. Podem também ser observados cristais de origem medicamentosa e de componentes de contrastes urológicos.

A cistina está ligada ao defeito metabólico cistinúria, além de responder por cerca de 1% dos cálculos urinários. Como a tirosina e a leucina são resultado de catabolismo proteico, seu aparecimento na urina sob a forma de cristais pode indicar necrose ou degeneração tecidual importante. Os cristais de fosfato amoníaco magnesiano são relacionados a infecções por bactérias produtoras de urease.

Os diversos cilindros podem ser consultados no banco dei imagem de cristais da ABNT: https://cb36.org.br/urina/

Cilindros: São elementos exclusivamente renais compostos por proteínas e moldados principalmente nos túbulos distais dos rins. Por essa razão todas as partículas que estiverem contidas em seu interior são provenientes dos rins. Indivíduos saudáveis, principalmente após exercícios extenuantes, febre ou uso de diuréticos, podem apresentar pequena quantidade de cilindros, geralmente hialinos.

Os cilindros retêm o conteúdo dos túbulos renais no momento de sua formação, constituindo-se em verdadeiras “biópsias”. Quando em conjunto com outros achados do sedimento urinário e do exame bioquímico da urina, funcionam como biomarcadores do local da lesão renal (glomerular, tubular ou intersticial), de natureza da lesão (funcional ou estrutural) e até mesmo de prognóstico.

Nas doenças renais, apresentam-se em grandes quantidades e em diferentes formas, de acordo com o local da sua formação. Os cilindros podem estar presentes em diferentes doenças: como hemáticos ­(doença renal intrínseca), leucocitários (pielonefrites), de células epiteliais (lesões nos túbulos renais), granulosos (doença renal glomerular ou tubular e algumas situações fisiológicas) e cereos (insuficiência renal, rejeição a transplantes, doenças renais agudas e estase do fluxo urinário).

Bactérias: normalmente não existem bactérias na urina colhida de forma adequada, quando presentes são uma suspeita de infecção urinária, principalmente se muitos leucócitos estiverem presentes também.

Parasitas: o Trichomonas vaginalis é o parasita mais frequentemente encontrado nas amostras de urina. Por ser um protozoário flagelado é facilmente identificado pela sua movimentação rápida e irregular pela lâmina. ´Quando não há movimento é muito difícil de distingui-lo de um leucócito. Esse achado geralmente indica contaminação por secreções genitais. Alguns outros parasitas também podem ser encontrados, e são normalmente resultado de uma contaminação fecal.